04 setembro, 2015

Primeira semana em Volgodonsk, Russia

Hoje completa sete dias que cheguei em Volgodonsk, no sul da Rússia, cerca de 10 horas do mar negro. Uma cidade com pouco mais 170 mil habitantes, bem movimentada até. A cidade abriga não só uma hidroelétrica, super importante na região, como também a maior companhia de engenharia nuclear da Russia. Cheguei pelo aeroporto de Rostov on don, uma cidade maior, universitária, 4 horas de ônibus de onde estou e ficarei por aqui nos próximos 3 meses. 


A primeira semana foi interessante. O período de adaptação foi um pouco confuso, principalmente em relação a língua russa, pois embora eu já conheça o alfabeto cirílico, e lembre da maioria das letras, eu não conheço as palavras. Então eu só sei o que é supermercado, por exemplo, porque eu vejo pela vitrine que tem comida dentro. Meu caminho de casa para o trabalho é longo, 20 minutos de caminhada pela rua principal. Por essa rua passo por inúmeras lojas, mas não tenho ideia do que são, porque não sei o significado das palavras (é, não me prestei ainda em mudar meu PC para russo para que eu possa investigar).

Segunda feira mesmo comecei a trabalhar. Foi uma confusão danada. A escola está sendo reformada, então os alunos esperavam nos corredores e eu nunca sabia qual seria minha sala de aula. Fui pega de surpresa em tudo, pois tive o domingo para planejar a primeira aula, mas não sabia nível nem idade... Logo minha primeira aluna tinha 12 anos com um nível de inglês pré-intermediário. Ufa! Conseguimos nos comunicar, mas ela estava tímida, não sabia muitas palavras... bom, muita parte da aula escutei ela falando em Russo, e eu ria, simpática, repetindo: "lembra que eu não entendo russo", sorrindo. Em um certo ponto achei a informação preciosa: ela gosta de Harry Potter e Contos de Nárnia, yes!!! Nossa diferença cultural não é tão gigante afinal. Amo os best sellers. Já tenho ideias para próximas aulas.

Mas minha segunda turma era uma galerinha de 10 anos... genteim! Minha primeira exprêrirncia dando aula para crianças. Quase morri. A cada minuto eu queria sair correndo. Eles não paravam de falar, até debochar de mim debocharam, mas adivinha: em russo. Como eu entendo algumas palavras que eles usaram, eu me orientei algumas vezes. Senti uma falta de respeito, não sei se por eu ser estrangeira eles não me entenderam direito... ou se eles são levados mesmo. Mas meus próximos grupos: adolescentes! Foi bem mais fácil, embora aquela cara paralisada de "que língua alienígena ela fala" estivesse presente em grande parte da aula. E no final do dia, um aluninho de 10 anos, super aplicado, um fofo, mas tímido. Terça foi muito mais tranquilo, adolescentes nível intermediário. Foi uma bagunça, nos divertimos. E para fechar o dia uma adulta iniciante. Genteim! Iniciante, sério? Fui bem didática, fiz ela repetir muito, mas eu via que ela perdia muita coisa. E no final da semana tive outros casos, alguns alunos repetidos, outros novos... mas é isso, sobrevivi a primeira semana!!!

Alguns alunos, a secretaria e outra professora me disseram que eu pronuncio de um jeito que eles entendem bem, que pronuncio bem as palavras. Nunca falei tão devagar na minha vida como agora hehe. A informação que chegou a mim é que os alunos estão adorando. Imagino que devido ao fato de eu ser estrangeira, pronuncio inglês diferente, vamos ver o que eles acharão nos próximos meses :)

A semana fechou super bem. Meu último aluno de sexta, um adolescente de 13 anos adorou os jogos que propus e se envolveu, arriscou, usamos google translator algumas vezes. Foi super legal. Assim fica fácil, só quero ver nas  próximas semanas quando começarei a trabalhar com eles preparação para o exame nacional d inglês, para ingresso na Universidade. Mas tenho bons sentimentos quanto a isso.

Quanto a minha vida social, essa semana foi um turbulhão de acontecimentos. quarta mudei de ap, conheci minha nova colega de trabalho e de apartamento, também estrangeira (da Hungria). Fui jantar na casa de uma colga de trabalho russa. Sério, fui muito bem recebida. Nada a reclamar da hospitalidade dos russos. Mas é isso, nos próximos posts conto um pouco da minha experiência no trabalho, vida social, aspectos culturais locais e passeios pela cidade e região.

Da Svidanya
PS.: Não tirei muitas fotos nessa semana.

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"Chá vermelho", esse veio do Egito, a secretária viajou varias vezes para lá e sempre me convida :) 



Os russos amam os gatos

Cerveja russa. Tem em lata, em garrafa de vidro e em garrafa pet :)


01 setembro, 2015

Reflexões de um Sábado a noite...

... na rodoviária de Berlim!



É muito fácil começar a fazer comparações entre países e diferentes culturas. Era meu sétimo dia na Europa e ainda estava na Alemanha esperando um ônibus de Berlim para Varsóvia, na Polônia. Nós, do terceiro mundo, costumamos enaltecer a cultura europeia. Muitas vezes esquecemos que esse povo de primeiro mundo tão idolatrado costumava saquear as colônias, retirar todas as riquezas do povo, mudar a cultura e a religião, ocupar o território como sendo dos “conquistadores”.  Estou a mais de 24h sem dormir e somente o que me vem à cabeça é como é importante viajar para conhecer de perto outras culturas antes de encher a boca e dizer que tudo fora do nosso país é maravilhoso. Vou lhes dizer o porque pensei nisso hoje, reflexões que começaram as 5h da manhã.

Ainda em Leipzig, cidade pequena e charmosa perto de Halle (Saale), na Alemanha, eu comprei uma passagem para Berlim, saindo às 18h da estação rodoviária. Além da cidade não ter uma rodoviária estruturada, sendo que os ônibus estacionam a uma rua próxima da maior e mais bonita estação de trem da Alemanha, o meu ônibus atrasou. Atrasou 1h. Isso nunca aconteceu comigo no Brasil. Eu sei que já aconteceu com alguém, em qualquer estado do Brasil, mas nunca comigo. Atraso de 20-30 minutos, OK, mas 1h não. Até aí tudo bem. Chegando em Berlim, tive o tempo de 1h de espera na estação rodoviária (ZOB), para pegar meu próximo ônibus para Varsóvia... chegando perto das 22h, o que acontece? O ônibus atrasou. Atrasou 8h. Não enviaram outro, não pagaram transporte ou hotel, a orientação era simplesmente: esperar. O ônibus quebrou. Alemanha é país de primeiro mundo e o que penso: essas coisas acontecem em qualquer lugar e cada país lida de forma diferente.

É claro que estou indignada. Mas na altura da minha vida, tudo vale como experiência. Não digo experiência no sentido fazer as coisas diferentes. Mas de aceitar que essas coisas acontecem e aprender a lidar com a frustração e a adaptar o roteiro da melhor maneira. Carpe Diem, diriam os menos preocupados. Olha o que observei dentre os passageiros: os com grana foram para um hotel. Já os que não têm grana, como eu, foram para a salinha pequena da estação rodoviária. Dois ônibus atrasaram; o que somou cerca de 50 pessoas que circularam e se acamparam nos bancos e no chão. A maioria desse pessoal é jovem. Vejo também alguns velhinhos sentados desde 22h. Vi algumas crianças, mas por algumas poucas horas esperando. Não existe idade; o que imagino é a falta de recursos financeiros para pagar um taxi e pagar a meia noite em um hotel, para apenas 5h de sono. Agora, a pergunta é: são todos pobres? Duvido. Acredito que sejam pessoas que não se importam em ter uma noite mal dormida para poder investir o dinheiro em outra coisa, outra atividade.

Mas também fica aqui a reflexão sobre a diferença de comportamento. No Brasil eu nunca me sentiria segura ao dormir numa estação de ônibus. Aqui eu me sinto. Não sei se é somente porque tem tanta gente nas mesmas condições que eu, mas sei que é porque tem segurança na rodoviária e conheço o histórico de criminalidade na Alemanha: mínima. O povo aqui perto de mim se enrolou em cobertor, deitou no chão, sentou na cadeira - e dormiu com o pescoço torto. Alguns privilegiados, como eu, conseguiram deitar nos poucos bancos amarelos da estação. Bancos duros, com divisórias sutis, mas incômodas. Assim foi minha única noite de sábado na Alemanha. 

Almanha: Halle e Leipzig

Aqui falo um pouco sobre meus passeios em Halle (Saale) e Leipzig. As duas cidades estão pertinho, cerca de meia hora de trem. Cheguei em Halle a partir de Berlim. A passagem de ônibus me custou 8 euros comprado pelo site da companhia Meinfernbus. A viagem durou 1 hora e meia, bem tranquilo. E ao final de 4 dias, parti de Leipzig para Berlin de ônibus, 2h de viagem. O ponto vermelho no mapa abaixo é Halle.


HALLE
é uma cidade muito lindinha. Foi meu primeiro impacto em uma cidade que não é capital e nem turística em um país que não se fala inglês. Muitas vezes fingi que entendi, sorrindo. Mas eu sempre tinha alguém para me salvar, a Nalin e o Bruno, que me receberam de braços abertos e cama arrumada para uma boa noite silenciosa de sono. Brasileiros, há 1 ano morando lá, já sabem todas as artimanhas e possuem as dicas para manobrar a barreira linguística. Foi muito bom! O único momento em que tive que me virar sozinha foi quando fui a fábrica de chocolates da cidade. Como é um ponto turístico, não foi difícil encontrar trabalhadores no museu que falassem inglês. A cidade em si tem muitos universitários estrangeiros, o que facilita caso precise de algo.

Os 3 dias m Halle fora super legais! Jantei comida local (joelho de porco), bem como experimentei os famosos Kebabs tão comuns na Alemanha, devido a grande quantia de imigrantes turcos. Comi o chocolate local  e bebi muita cerveja alemã, como a local. Fui a um bar bem legalzinho, caminhei muito pela cidade e conheci alguns dos pontos turísticos, prédios antigos lindos, igrejas, castelos, parques, fabrica e museu. Foi uma estadia bem completa, até jogar vídeo game para gastar algumas calorias jogamos. Comi a comidinha da Nalin, que o Bruno também fez  (o arroz) tomei a bebida "rosinha" e tomei banho com toalha de verdade e sabonete em barra (nas minhas viagens de mochileira eu carrego uma toalha especial que seca rápido e é pequena, e sabonete em gel, que é menos melequento)



Mas Halle tem muito a oferecer, pois caminhas pela cidade bonitinha, entre alguns prédios antigos e  novos é muito legal. Após a guerra e bombardeio de parte da cidade, muitas construções fora refeitas então prédios novos se vê de monte.Algumas fotos abaixo são desde a parte central da cidade, que é antiga, até o rio. Um passeio que fizemos passando por um jardim do castelo (o qual não tenho foto) até a margem do rio. Para vocês verem a beleza que é visitar uma cidade que não é capital. 















Fomos no museu de pre-história da cidade. Infelizmente as informações estavam em sua maioria em alemão, mas com audioguide o problema se resolve. Lá vimos muitas coisas legais da região, como artefatos, aprendemos um pouco sobre como eles viviam milênios atrás, vimos alguns ossos e a reprodução de um mamute :) Me impressionei como o museu é moderno, super tecnológico, nunca tinha visto antes. É ótimo para a criançada. Museu não é mais aquela coisa chata de antigamente, com textos datilografados e cheiro de madeira antiga e formol. Agora vemos telas digitais no lugar de quadros  mapas. entre outros designs bem legais.

Esse museu tem uma exposição do "Nebra Sky Disc" um achado super importante, que mostra como os antepassados entendiam a astrologia. Muito se especula se esse disco era realmente um artefato de terráqueos ou alienígenas... Adoro essas teorias. Esse blog aqui fala sobre o disco e apresenta alguns detalhes que vimos lá no museu





Fui também na fábrica de chocolate mais antiga da Alemanha, com chocolates deliciosos, a Halloren. Eles são famosos pelo tempo, mais de 200 anos de história, e principalmente pelas ideias de combinações de recheios. O que deu mais fama a loja é o bombom chamado Original Halloren Kugeln, com dois recheios super bons e uma camada fina de chocolate. O museu da fábrica é super moderno também, aprendi muito sobre como surgiu o cacau: ele servia de escambo, sabe onde? Na América Latina, de onde os europeus que lá visitavam (leia-se exploravam) começaram a importar. E com o passar dos anos passou de iguaria para o popular chocolate ao leite (quando se deram conta de colocar açúcar). Super recomendo a visita na fábrica e museu. Eu vi eles fazendo uns bombons  e provei vários ao longo da visita. No final comprei umas caixinhas na loja ganhei uma de brinde *.* Queridos!








LEIPZIG

é super bonitinha! Como era sábado, tinha um movimento legal, tinha um evento acontecendo lá, parecia uma corrida mas não nos informamos. Passeamos pelo centro, e no fim fomos ver um monumento famoso, enorme, gigante mesmo! Subimos muitas escadas, descemos, subimos de novo, pegamos elevador, e subimos de novo.... muitas escadas! O monumento da batalha das nações, que terminou de ser construído a pouco mais de 200 anos, exatamente no ano que eles celebravam 100 anos da vitória, se refere a derrota de Napoleão Bonaparte m Leipzig. Visita obrigatória.










Agora um pouquinho da cidade para vocês verem como é bonitinha. Era isso gente. Espero que tenham curtido as fotos.