26 setembro, 2015

30 dias na Russia

Eba! Fechou um mês na Russia! E passou rápido. Cheguei dia 26/08 em Moscou e dia 28 parti para Volgodonsk. Entre tantas horas de trabalho por dia, mais algumas horas planejando as aulas, e poucas horas socializando durante os dias da semana, sobrevivi a rotina louca da semana de trabalho (que é de segunda a sábado). Os fins de semana sempre são ótimos: algumas vezes com jantas de diferentes nacionalidades em casa, passeio no shopping e parque, ida ao mercado, bar e restaurante...sempre é muito divertido. Estou muito bem amparada com pessoas que já considero amigas.

Vista da minha janela
Já me acostumei com algumas coisas por aqui, olha a listinha que fiz :)

1. Já ando no escuro das ruas sem precisar usar a lanterna do celular. Descobri que eles não tem tantas lampadas nas ruas para economizar energia. Já um aluno meu disse que é porque o governo rouba o dinheiro que deveria ser convertido em verba para a luz dentre outros investimentos para a sociedade. Eu aceito a versão dele.

2. Me acostumei a subir os 5 andares e meio do meu prédio sem elevador - do tempo da união soviética - sem parar no quarto achando que cheguei no ap.

3. Melhorei um pouco meu vocabulário básico, mas ainda não me animo a ir em lojas ou restaurante sozinha. 

4. Sempre vou no mercado, ou na loja de "1,99" daqui, eu sorrio como a pessoa mais educada do mundo quando falam comigo. Sei também falar "bom dia/tarde" "oi"  "até logo" em russo como se fosse a língua mais natural do mundo. Mas parou por aí.

5. Sempre me deparo com algum produto no mercado que parece igual aos que conheço, mas é um pouco diferente,  Comprei maionese com sabor de queijo e ervas, mas não achei maionese "comum". Comprei ketchup com pimentão, achando que era molho de tomate, mas é ketchup... E ainda não achei ketchup "comum". Mas sei que eles existem, pois a marca Heinz é bem popular aqui.

6. Aqui é típico tomar chá no café da manhã, e eu já estou tomando praticamente todos os dias. Na verdade não é tão diferente pra mim pois na Irlanda as vezes era a primeira coisa que eu tomava quando acordava, pois eu morava com um irlandês, e eles também tem essa tradição.  E também porque eu, no Brasil, sempre tomava meu chimarrão que sinto tanta falta :( Então o chá verde se tornou um substituto aqui pra mim.

Sempre tem muita coisa acontecendo, diariamente. Não me atrevo a dizer que caí na rotina, nunca! Não na Russia e não até eu estar falando fluente (ou seja, nunca). Mas já me acostumei com coisas tão pequenas do dia-a-dia que me sinto meio que parte da comunidade já. O meu caminho ao trabalho é no automático e já tenho meus produtos favoritos do mercado, como se eu sempre tivesse comprado :) Mas é isso, vivendo cada dia intensamente, curtindo a cultura, sofrendo um pouco com a barreira linguística, enlouquecendo de vez em quando a sobrecarga no trabalho - mas adorando a maioria dos meus alunos e aulas, e amando minhas novas amizades! 

20 setembro, 2015

Minha vida numa mala

Eu sempre pensei que seria impossível para mim viver sem ter opções de roupas, sapatos, esmaltes, bijuterias, bolsas e maquiagem. Na verdade, eu nunca fui esse tipo de guria que super se maquia no dia-a-dia. No entanto, eu gostava de poder escolher. Recentemente me deparei com um artigo sobre consumismo, o qual levanta uma discussão sobre os prós e os contras de ser uma pessoa consumista ou uma pessoa conservadora. Então eu percebi que eu realmente não sou mais esse tipo de guria consumista como eu era antigamente.

Cinco anos atrás eu fiz a minha primeira viagem para o outro lado do oceano. Saí do sul do Brasil para a Irlanda. A aventura começou arrumando as malas! Eu deveria fazer caber minhas coisas em uma mala 30 kg e uma mochila, como bagagem de mão. Acontece que eu tinha que escolher as peças importantes do meu guarda-roupa, sendo que eu costumava ter uma variedade delas. Eu tive que escolher cuidadosamente aqueles jeans que eu considerava os mais básicos, casacos que poderiam ser usados ​​em diferentes épocas do ano, blusas para turismo e trabalho, um chapéu, uma toalha ... e assim por diante. Então eu me vi deixando de lado roupas e acessórios que eu adorava! Eu tive que deixá-los lá, no fundo do meu guarda-roupa apenas esperando pelo meu retorno desta viagem. Maquiagem? Batom e rímel eram o meu segredo. Acessórios? Dois ou três cintos, colar e alguns pares de brincos foram suficientes. Dentre as muitas opções que eu tive que fazer, eu me vi um pouco nostálgica, porque eu senti que eu precisaria deixar de lado muitos dos meus pertences que eu usava semanalmente, que paguei caro! Eles ficariam descansando em paz no meu antigo apartamento.

Durante dois anos na Irlanda eu, é claro, comprei mais e mais coisas. Como não comprar roupas, sapatos e acessórios diferentes? E a escolha de Sofia aconteceu novamente no meu caminho de volta para o Brasil: eu não tinha como pagar por mais bagagem extra, então eu deixei várias coisas para trás. Eu doei e deixei para as minhas colegas de apartamento. Naquele momento eu me senti diferente. Eu já não sentia falta dos meus pertences. Eu era uma pessoa diferente desde então. Eu poderia facilmente viver com menos. 

Eu mudei de apartamento no ano passado, e toda semana eu encontrava mais e mais roupas para doar. Boas peças, mas eu sabia que não usaria mais. Acessórios que não estavam mais em uso, sapatos de salto novinhos que eu não usava mais porque estavam fora de moda. Eu mudei.

A minha segunda aventura começou este ano: seis meses na Rússia! Aqui eu vim de novo com uma mala, dessa vez tamanho médio, e bagagem de mão. No entanto, desta vez foi um pouco mais fácil para fazer as malas. Eu não sofri tanto, foi mais rápido, e eu pensei mais logicamente. Como eu ficaria durante na Europa três estações, eu deveria ser muito prática e selecionar peças de roupas que eu poderia vestir no verão, outono e inverno. Quase um sucesso! Mala de 20 kg contendo apenas pertences básicos e estou sobrevivendo. Resumindo, as minhas escolhas foram basicamente um par de saltos altos - sabe né, temos que estar preparadas para todas as ocasiões -, sapato sem salto, sapatilha, pantufa e botas de inverno. Algumas blusas, vestidos, calças jeans e calças leggings. Por outro lado, existem alguns itens superficiais que eu não poderia viver sem: secador de cabelo e meus pincéis de maquiagem. Os itens mais difíceis foram os casacos ... Eu tive que levar um casaco grosso para o inverno e, como eu não queria ocupar o meu precioso 20Kg, carreguei o casaco todo o tempo, do Brasil para a Europa. Eu tinha duas semanas de férias antes de chegar à Rússia, então eu decidi ficar alguns dias na Alemanha, na Polônia e na Lituânia. E lá eu me vi em crise com aquela mala, indo para cima e para baixo pelas escadas das estações de metro e de ônibus, entrando e saindo de ônibus - sempre com o meu casaco sobre a minha mala. Era verão e eu podia sentir as pessoas olhando para mim sem entender a situação: uma guria usando um vestido de verão, chinelinho havaianas, e carregando um casaco grosso, enorme, de inverno ... Era engraçado apesar do sufoco.

Então, aqui eu estou vivendo com 30kg de pertences. E eu sei que não posso comprar mais nada porque o meu caminho de volta para casa vai ser o mesmo: viagens pelo Leste Europau. As pessoas vão ver uma guria carregando uma mala azul e minha mochila florida. Desta vez vou estar vestindo meu casaco, uma vez que vai ser inverno. E o que eu aprendi com tudo isso? Eu não preciso de mais do que 20 kg na mala e 10 kg na mochila!



19 setembro, 2015

Feijoada e um pouco de russo

Uau, que dia longo! Mas nada a reclamar. Aulas desde manhã seguido de correria no mercado para começar a preparar prato brasileiro e receber visita. Preparei feijão "tipo feijoada", com linguiça, carne, bacon... Claro que os russos riram por colocar linguiça com carne na panela e comer linguiça com arroz. Mas a minha querida amiga da Hungria achou interessante. Cada dia que passa vejo que temos mais coisas em comum e isso é muito bom. Hoje tivemos uma conversa não tão apimentada - como poderia ter sido - sobre homosexualidade. A amiga russa mostrou o lado "russo" dela ao opinar que "quer ser gay, eu respeito, mas não mostra pra sociedade em paradas gays ou nas ruas". Eu já havia ouvido falar que eles não entendem essa questão... Na nossa conversa amigável cada uma mostrou sua perspectiva e vi que eu e a minha flatmante temos a mesma opinião. Fiquei contente que ela é super cabeça aberta e conseguimos discutir assuntos bacanas concordando na maioria das vezes (exceto quando ela me fala dos refugiados sírios na Hungria. Eu juro que tento entender o ponto de vista dela, ao dizer que acha que o pais está certo em não deixar eles entrarem mais. Mas as vezes é díficil).


Voltando a 'feijoada' não foi um sucesso como eu esperava. Pois ao contrario na Irlanda, onde eu cozinhava para basicamente 'não-irlandeses', ou seja, não nativos, aqui foi para russos também, e sinto que eles, indiretamente, "riram" do prato. Mas sabe que isso parece ser uma característica dos russos. Me parece que eles são bem fechados para o que é diferente. São carrancudos - eles mesmo me dizem que russo é carrancudo (embora eu já tenha visto varias vezes sorrisos e feição de simpatia nos olhares quando vou no mercado e digo que não falo russo. Mas isso tudo depende do "quem, quando e porque".

Foi uma noite intensa, tomamos uma cervejinha de leve, e o marido da minha colega de trabalho - russos - me chega com duas garrafas de champanhe. Cerveja seguido de champanhe. As conversas variaram de cultura culinária a línguas. Ele me ensinando a pronunciar as palavas foi algo engraçado, o que nos fez lembrar que anda não começamos as aulas de russo. Espero que não passe dessa semana :(


12 setembro, 2015

primeiro mês + aniversário na Russia

Aí vai um textinho dividido em três partes  algumas fotinhos do que vejo por aqui =)

Perspectiva turista

Quase um mês que saí do Brasil e uma tonelada de acontecimentos. Fatos que resumem minhas primeiras 2 semanas: Viajei sozinha todo o tempo pela primeira vez (com exceção os 4 dias em Halle, na Alemanha) ; Não fiz tantos amigos como esperava, mas conheci pessoas muito legais com as quais tive desde conversas em rodoviária como idas a bares... gente que espero ver novamente; Caminhei tanto que tive probleminha no joelho, pela primeira vez :T; Peguei o ônibus errado e fui parar nas cochinchinas na capital da Lituânia; Pessoas me ajudaram na rua e eu ajudei pessoas no avião. Tive um probleminha com a senha do banco, mas minha super amiga me ajudou a resolver; Um ônibus atrasou,  tive que dormir na rodoviária, e perdi o próximo (sério?); Conheci o hostel mas acolhedor que já fui; Descobri que com o tempo de viagens que tenho, sei me localizar melhor a cada ano que passa e a usar transportes em um país com uma língua que não conheço...  Enfim. Muito nais aconteceu,  muito mais aprendi. Depois de duas semanas me sinto mais "rica" em termos culturais e o principal, em termos de auto conhecimento. 

Ônibus que peguei em Rostov, na Russia, em direção a Volgodonsk. 4h de viagem no banco mais apertado
que já vi na vida. A Ryanair é um luxo perto desse minibus.

Perspectiva trabalhadora

Nas últimas duas semanas, que fecham o primeiro mês na Europa, passei na Russia, que é onde passarei meus próximos meses. É a minha primeira experiência de trabalho - na minha área, professora de inglês - em outro país. Estou me sentindo muito feliz porque estou conseguindo me adaptar bem à cidade, ao trabalho e as pessoas. O desafio principal é o fato de eu não saber a língua nativa. Mas o desafio maior, mais tenso, e mais irritante é dar aula para algumas crianças/adolescentes que não respeitam ou não se comprometem com a proposta. Alunos que vão para bagunçar, que não prestam atenção (sendo que precisam se esforçar mais pois eu falo só inglês) e que falam russo quase a aula inteira por preguiça, mesmo quando eu peço para eles tentarem falar inglês pelo menos durante as atividades que proponho... só me olham, fingem que não entenderam  ( eles entendem, eu sei). Sabe qual é o mais engraçado? Isso não é um desafio em função da cultura, mas da minha falta de experiência com crianças, porque esse comportamento existe em qualquer lugar. Que saudade dos meus alunos adultos do Brasil, tão comprometidos, suam, sofrem, mas enfrentam a vergonha para falar somente em inglês na aula e na recepção. Hoje penso, que orgulho dos meus colegas de trabalho no Brasil e dos meus alunos, que desde o primeiro dia, e quando passam da porta da recepção, a maioria e na maioria do tempo já estão falando em inglês. Isso não acontece aqui. Nem a dona, que fala 8 línguas, não incentiva as aulas 100% inglês, pois mesmo com os upper intermediate, ela faz aula com tradução. Sinto falta dessa dedicação.

Do tempo da URRS.
Os mais velhos sentem saudades daqul tempo, quando s tinha emprego e aposentadoria garantido 
Universidade de Moscou, a maior uni aqui em Volgodonsk. Mais procurada pelos cursos relacionados
de engenharia em função da maior companhia de energia nuclear no país.

Não tenho ideia de quem seja. Tirei a foto porque me pareceu ser alguém importante

Esse é o prédio onde trabalho. Tem vários escritórios, a escola fica no 2º andar :)

Rodoviária de Volgodonsk
Volgodonsk no alfabeto cirilico :)

Um dos supermercados mais populares daqui, Magnit
Arquitetura dos prédios na época da união sovi´tica. O mesmo estilo se encontra
na Hungria e Eslováquia também.
 Meu aniversário

O que mais encanta aqui são as pessoas, atenciosas. Decidi passar meu aniversário de 30 anos no estilo 'low profile', sem festa, sem janta, sem celebração. Mas minha colega de trabalho (Russa) convidou eu e a minha colega de ap (Hungara) para conhecer o parque e jantar num restaurante. Pedimos champanhe, conversamos a noite inteira - o assunto não acabava, foi muito bom. Ganhei flores da minha chefe e chocolates das minhas colegas. Foi muito legal da parte delas. E eu que achava que passaria meu aniversário meio deprê, sozinha. Sozinha nada! Eu nem parei hoje. cheguei em casa as 23h  decidi escrever esse post-desabafo de aniversário para dividr com vocês meus sentimentos de estrangeira num pais desconhecido, com cultura e língua desconhecida, mas que está adorando ser uma desconhecida na cidade (se bem que não sou tão desconhecida mais, pois as pessoas nos ouvem falando inglês e param para olhar, encaram, apontam,  comentam, puxam assunto em russo e tiram fotos). Algumas vezes é engraçado. Só não é engraçado quando eu dou umas ratiadas de gringa no mercado e pago as compras com as moedas erradas. Morro de vergonha.


uns presentinhos cheirosos que ganhei de aniver :)


Parque da Votória, o maior aqui na cidade




Por fim, janta para celebrar meu aniver a Russia :)
Mas é isso amigos, saudades dos meus amigos, famíla, colegas, alunos e conhecidos de rua!
Se quiserem saber mais coisas daqui, me perguntem no face :) Beijos!

10 setembro, 2015

10 fatos sobre a Russia

Saudades do chimarrão, do creme de leite, do presunto e do bacon. Se isso tudo tem na Russia eu não sei, mas não achei nada igual aqui na cidade que estou. Duas semanas aqui e já elaborei uma lista de "fatos" sobre a Russia, segundo minha perspectiva em Volgodonsk, sul da Russia:

1. Os homens não são bonitos, para minha decepção. E não falam inglês, para meu desespero hehe

2. Nem todas as mulheres são bonitas, mas se arrumam muuuito!

3. Eles não tem uma boa iluminação nas ruas. O acesso a muitos prédios é na escuridão, sem lampadas na rua mesmo. Ando cerca de 200m no escuro. Aparentemente é assim que o povo faz, andam no escuro, sentam em bancos na calçada... no escuro. Andam pelos corredores dos prédios de escritório no escuro... Será resquício da união soviética?

4. Eles pronunciam o "th" (voiced, exemplos: there, they, that) do inglês  com som de "z". 

5. Homem bebe vodka e mulher não. Mulher bebe cerveja ou outras bebidas. De acordo com uma aluna minha, mulher que bebe vodka é "aquela que não trabalha"... Não sei se entendi bem o que ela quis dizer, mas mulher beber vodka não é bem visto por aqui.

6. Eles não fazem drinques com vodka e frutas/suco/etc. Alguns acham bem esquisito quando eu digo que fazemos isso no Brasil. E é possível achar cerveja vendida em garrafa pet. 

7. Sopa é um prato bem importante, e aparentemente eles tomam quase todos os dias. E bebem muito chá também.

8. Eles tem uma bebida famosa, doce, consumida mais no verão que é feita de pão e água (que fica descansando por uns 10 dias). Ainda não provei. 

9. Para minha felicidade (e festa da TPM) eles comercializam e amam leite condensado. E tem caviar no mercado, e é barato :O

10. Se vai visitar alguém, tire os sapatos, faz favor, sempre.


09 setembro, 2015

pausa para reflexão: o ciclo dos altos e baixos.

Ahh como é bom o frescor da temperatura 20º. Finalmente deu uma refrescada e o dia foi lindo. Estou agora tomando meu chá verde, escutando uma canção, organizando meus pensamentos e me preparando para planejar as aulas de quinta e revisar um texto acadêmico.

As vezes penso que sou uma pessoa de muita sorte. Mas nem sempre. Muita coisa dá errado para mim, como o fato de eu não ter tido tempo de tirar o visto para ficar os 6 meses na Russia. Mas a sorte veio depois de uma semana com uma oportunidade certa em outra cidade. A falta de sorte veio novamente ao saber que a cidade que estou não é das mais belas e organizadas. Pois ao comparar com a região onde eu iria antes, a cidade fica a poucas horas do mar negro e da capital, que é tri! Preciso parar de pensar na oportunidade perdida. Mas ai a sorte veio novamente quando conheci pessoas maravilhosas, atenciosas, comprometidas a me ajudar a me sentir em casa - como a minha chefe que seguido me dá carona e nos levou para passear a fim de conhecer o shopping, e uma das minhas colegas de trabalho, que na primeira semana já me convidou ara jantar na casa dela. Vejo que a roda dos "ups and downs" está bem aparente na minha vida. 

Sabe qual é a noticia boa? A parte negativa, ou seja, a falta de sorte não me abala muito. Outro exemplo é a escola que tem sua própria forma de organização, que não bate com a minha. Sempre fui uma pessoa que precisa me organizar e planejar não somente minhas aulas, como também minha rotina com antecedência. Nessa escola, a minha chefe troca meus horários diariamente, frequentemente ela escolhe um ou outro aluno na hora e além disso, eu não tenho um calendário fixo,  pois eu e ela dividimos alguns de nossos alunos, a fim de prepará-los para o exame nacional de inglês. Eu tenho "alunos surpresa", como chamo,  infelizmente as vezes tenho queles alunos "poker face" que não entendem quando pergunto e fingem que entendem, e não falam quando entendem o que tem que falar... Vá entender!?!?! Isso tudo abala minha forma de organização e gera um certo estresse, mas vendo pelo lado positivo, estou aprendendo algo disso tudo: estou aprendendo a improvisar. E aparentemente estou me dando bem.

Tive muita sorte também com a minha colega de trabalho e de apartamento. Ela é super simpática, aplicada, temos conversado sobre tudo, desde aspectos culturais de nossos países (ela é da Hungria) a interesses pessoais como literatura e filmes. Eu  não podia ter tido mais sorte em ter alguém tão legal para dividir apartamento. Além disso tudo, é ela que me salva algumas vezes no mercado e em lojas. Cada coisa já aconteceu, eu pago cada mico, mas não me calo. Pego meu livrinho de anotações e bora pronunciar as frases que preciso dizer em russo. 

Bom, meu momento relax acabou, de volta ao trabalho Sofia.
Da svidania amigos!


04 setembro, 2015

Primeira semana em Volgodonsk, Russia

Hoje completa sete dias que cheguei em Volgodonsk, no sul da Rússia, cerca de 10 horas do mar negro. Uma cidade com pouco mais 170 mil habitantes, bem movimentada até. A cidade abriga não só uma hidroelétrica, super importante na região, como também a maior companhia de engenharia nuclear da Russia. Cheguei pelo aeroporto de Rostov on don, uma cidade maior, universitária, 4 horas de ônibus de onde estou e ficarei por aqui nos próximos 3 meses. 


A primeira semana foi interessante. O período de adaptação foi um pouco confuso, principalmente em relação a língua russa, pois embora eu já conheça o alfabeto cirílico, e lembre da maioria das letras, eu não conheço as palavras. Então eu só sei o que é supermercado, por exemplo, porque eu vejo pela vitrine que tem comida dentro. Meu caminho de casa para o trabalho é longo, 20 minutos de caminhada pela rua principal. Por essa rua passo por inúmeras lojas, mas não tenho ideia do que são, porque não sei o significado das palavras (é, não me prestei ainda em mudar meu PC para russo para que eu possa investigar).

Segunda feira mesmo comecei a trabalhar. Foi uma confusão danada. A escola está sendo reformada, então os alunos esperavam nos corredores e eu nunca sabia qual seria minha sala de aula. Fui pega de surpresa em tudo, pois tive o domingo para planejar a primeira aula, mas não sabia nível nem idade... Logo minha primeira aluna tinha 12 anos com um nível de inglês pré-intermediário. Ufa! Conseguimos nos comunicar, mas ela estava tímida, não sabia muitas palavras... bom, muita parte da aula escutei ela falando em Russo, e eu ria, simpática, repetindo: "lembra que eu não entendo russo", sorrindo. Em um certo ponto achei a informação preciosa: ela gosta de Harry Potter e Contos de Nárnia, yes!!! Nossa diferença cultural não é tão gigante afinal. Amo os best sellers. Já tenho ideias para próximas aulas.

Mas minha segunda turma era uma galerinha de 10 anos... genteim! Minha primeira exprêrirncia dando aula para crianças. Quase morri. A cada minuto eu queria sair correndo. Eles não paravam de falar, até debochar de mim debocharam, mas adivinha: em russo. Como eu entendo algumas palavras que eles usaram, eu me orientei algumas vezes. Senti uma falta de respeito, não sei se por eu ser estrangeira eles não me entenderam direito... ou se eles são levados mesmo. Mas meus próximos grupos: adolescentes! Foi bem mais fácil, embora aquela cara paralisada de "que língua alienígena ela fala" estivesse presente em grande parte da aula. E no final do dia, um aluninho de 10 anos, super aplicado, um fofo, mas tímido. Terça foi muito mais tranquilo, adolescentes nível intermediário. Foi uma bagunça, nos divertimos. E para fechar o dia uma adulta iniciante. Genteim! Iniciante, sério? Fui bem didática, fiz ela repetir muito, mas eu via que ela perdia muita coisa. E no final da semana tive outros casos, alguns alunos repetidos, outros novos... mas é isso, sobrevivi a primeira semana!!!

Alguns alunos, a secretaria e outra professora me disseram que eu pronuncio de um jeito que eles entendem bem, que pronuncio bem as palavras. Nunca falei tão devagar na minha vida como agora hehe. A informação que chegou a mim é que os alunos estão adorando. Imagino que devido ao fato de eu ser estrangeira, pronuncio inglês diferente, vamos ver o que eles acharão nos próximos meses :)

A semana fechou super bem. Meu último aluno de sexta, um adolescente de 13 anos adorou os jogos que propus e se envolveu, arriscou, usamos google translator algumas vezes. Foi super legal. Assim fica fácil, só quero ver nas  próximas semanas quando começarei a trabalhar com eles preparação para o exame nacional d inglês, para ingresso na Universidade. Mas tenho bons sentimentos quanto a isso.

Quanto a minha vida social, essa semana foi um turbulhão de acontecimentos. quarta mudei de ap, conheci minha nova colega de trabalho e de apartamento, também estrangeira (da Hungria). Fui jantar na casa de uma colga de trabalho russa. Sério, fui muito bem recebida. Nada a reclamar da hospitalidade dos russos. Mas é isso, nos próximos posts conto um pouco da minha experiência no trabalho, vida social, aspectos culturais locais e passeios pela cidade e região.

Da Svidanya
PS.: Não tirei muitas fotos nessa semana.

"
"Chá vermelho", esse veio do Egito, a secretária viajou varias vezes para lá e sempre me convida :) 



Os russos amam os gatos

Cerveja russa. Tem em lata, em garrafa de vidro e em garrafa pet :)


01 setembro, 2015

Reflexões de um Sábado a noite...

... na rodoviária de Berlim!



É muito fácil começar a fazer comparações entre países e diferentes culturas. Era meu sétimo dia na Europa e ainda estava na Alemanha esperando um ônibus de Berlim para Varsóvia, na Polônia. Nós, do terceiro mundo, costumamos enaltecer a cultura europeia. Muitas vezes esquecemos que esse povo de primeiro mundo tão idolatrado costumava saquear as colônias, retirar todas as riquezas do povo, mudar a cultura e a religião, ocupar o território como sendo dos “conquistadores”.  Estou a mais de 24h sem dormir e somente o que me vem à cabeça é como é importante viajar para conhecer de perto outras culturas antes de encher a boca e dizer que tudo fora do nosso país é maravilhoso. Vou lhes dizer o porque pensei nisso hoje, reflexões que começaram as 5h da manhã.

Ainda em Leipzig, cidade pequena e charmosa perto de Halle (Saale), na Alemanha, eu comprei uma passagem para Berlim, saindo às 18h da estação rodoviária. Além da cidade não ter uma rodoviária estruturada, sendo que os ônibus estacionam a uma rua próxima da maior e mais bonita estação de trem da Alemanha, o meu ônibus atrasou. Atrasou 1h. Isso nunca aconteceu comigo no Brasil. Eu sei que já aconteceu com alguém, em qualquer estado do Brasil, mas nunca comigo. Atraso de 20-30 minutos, OK, mas 1h não. Até aí tudo bem. Chegando em Berlim, tive o tempo de 1h de espera na estação rodoviária (ZOB), para pegar meu próximo ônibus para Varsóvia... chegando perto das 22h, o que acontece? O ônibus atrasou. Atrasou 8h. Não enviaram outro, não pagaram transporte ou hotel, a orientação era simplesmente: esperar. O ônibus quebrou. Alemanha é país de primeiro mundo e o que penso: essas coisas acontecem em qualquer lugar e cada país lida de forma diferente.

É claro que estou indignada. Mas na altura da minha vida, tudo vale como experiência. Não digo experiência no sentido fazer as coisas diferentes. Mas de aceitar que essas coisas acontecem e aprender a lidar com a frustração e a adaptar o roteiro da melhor maneira. Carpe Diem, diriam os menos preocupados. Olha o que observei dentre os passageiros: os com grana foram para um hotel. Já os que não têm grana, como eu, foram para a salinha pequena da estação rodoviária. Dois ônibus atrasaram; o que somou cerca de 50 pessoas que circularam e se acamparam nos bancos e no chão. A maioria desse pessoal é jovem. Vejo também alguns velhinhos sentados desde 22h. Vi algumas crianças, mas por algumas poucas horas esperando. Não existe idade; o que imagino é a falta de recursos financeiros para pagar um taxi e pagar a meia noite em um hotel, para apenas 5h de sono. Agora, a pergunta é: são todos pobres? Duvido. Acredito que sejam pessoas que não se importam em ter uma noite mal dormida para poder investir o dinheiro em outra coisa, outra atividade.

Mas também fica aqui a reflexão sobre a diferença de comportamento. No Brasil eu nunca me sentiria segura ao dormir numa estação de ônibus. Aqui eu me sinto. Não sei se é somente porque tem tanta gente nas mesmas condições que eu, mas sei que é porque tem segurança na rodoviária e conheço o histórico de criminalidade na Alemanha: mínima. O povo aqui perto de mim se enrolou em cobertor, deitou no chão, sentou na cadeira - e dormiu com o pescoço torto. Alguns privilegiados, como eu, conseguiram deitar nos poucos bancos amarelos da estação. Bancos duros, com divisórias sutis, mas incômodas. Assim foi minha única noite de sábado na Alemanha. 

Almanha: Halle e Leipzig

Aqui falo um pouco sobre meus passeios em Halle (Saale) e Leipzig. As duas cidades estão pertinho, cerca de meia hora de trem. Cheguei em Halle a partir de Berlim. A passagem de ônibus me custou 8 euros comprado pelo site da companhia Meinfernbus. A viagem durou 1 hora e meia, bem tranquilo. E ao final de 4 dias, parti de Leipzig para Berlin de ônibus, 2h de viagem. O ponto vermelho no mapa abaixo é Halle.


HALLE
é uma cidade muito lindinha. Foi meu primeiro impacto em uma cidade que não é capital e nem turística em um país que não se fala inglês. Muitas vezes fingi que entendi, sorrindo. Mas eu sempre tinha alguém para me salvar, a Nalin e o Bruno, que me receberam de braços abertos e cama arrumada para uma boa noite silenciosa de sono. Brasileiros, há 1 ano morando lá, já sabem todas as artimanhas e possuem as dicas para manobrar a barreira linguística. Foi muito bom! O único momento em que tive que me virar sozinha foi quando fui a fábrica de chocolates da cidade. Como é um ponto turístico, não foi difícil encontrar trabalhadores no museu que falassem inglês. A cidade em si tem muitos universitários estrangeiros, o que facilita caso precise de algo.

Os 3 dias m Halle fora super legais! Jantei comida local (joelho de porco), bem como experimentei os famosos Kebabs tão comuns na Alemanha, devido a grande quantia de imigrantes turcos. Comi o chocolate local  e bebi muita cerveja alemã, como a local. Fui a um bar bem legalzinho, caminhei muito pela cidade e conheci alguns dos pontos turísticos, prédios antigos lindos, igrejas, castelos, parques, fabrica e museu. Foi uma estadia bem completa, até jogar vídeo game para gastar algumas calorias jogamos. Comi a comidinha da Nalin, que o Bruno também fez  (o arroz) tomei a bebida "rosinha" e tomei banho com toalha de verdade e sabonete em barra (nas minhas viagens de mochileira eu carrego uma toalha especial que seca rápido e é pequena, e sabonete em gel, que é menos melequento)



Mas Halle tem muito a oferecer, pois caminhas pela cidade bonitinha, entre alguns prédios antigos e  novos é muito legal. Após a guerra e bombardeio de parte da cidade, muitas construções fora refeitas então prédios novos se vê de monte.Algumas fotos abaixo são desde a parte central da cidade, que é antiga, até o rio. Um passeio que fizemos passando por um jardim do castelo (o qual não tenho foto) até a margem do rio. Para vocês verem a beleza que é visitar uma cidade que não é capital. 















Fomos no museu de pre-história da cidade. Infelizmente as informações estavam em sua maioria em alemão, mas com audioguide o problema se resolve. Lá vimos muitas coisas legais da região, como artefatos, aprendemos um pouco sobre como eles viviam milênios atrás, vimos alguns ossos e a reprodução de um mamute :) Me impressionei como o museu é moderno, super tecnológico, nunca tinha visto antes. É ótimo para a criançada. Museu não é mais aquela coisa chata de antigamente, com textos datilografados e cheiro de madeira antiga e formol. Agora vemos telas digitais no lugar de quadros  mapas. entre outros designs bem legais.

Esse museu tem uma exposição do "Nebra Sky Disc" um achado super importante, que mostra como os antepassados entendiam a astrologia. Muito se especula se esse disco era realmente um artefato de terráqueos ou alienígenas... Adoro essas teorias. Esse blog aqui fala sobre o disco e apresenta alguns detalhes que vimos lá no museu





Fui também na fábrica de chocolate mais antiga da Alemanha, com chocolates deliciosos, a Halloren. Eles são famosos pelo tempo, mais de 200 anos de história, e principalmente pelas ideias de combinações de recheios. O que deu mais fama a loja é o bombom chamado Original Halloren Kugeln, com dois recheios super bons e uma camada fina de chocolate. O museu da fábrica é super moderno também, aprendi muito sobre como surgiu o cacau: ele servia de escambo, sabe onde? Na América Latina, de onde os europeus que lá visitavam (leia-se exploravam) começaram a importar. E com o passar dos anos passou de iguaria para o popular chocolate ao leite (quando se deram conta de colocar açúcar). Super recomendo a visita na fábrica e museu. Eu vi eles fazendo uns bombons  e provei vários ao longo da visita. No final comprei umas caixinhas na loja ganhei uma de brinde *.* Queridos!








LEIPZIG

é super bonitinha! Como era sábado, tinha um movimento legal, tinha um evento acontecendo lá, parecia uma corrida mas não nos informamos. Passeamos pelo centro, e no fim fomos ver um monumento famoso, enorme, gigante mesmo! Subimos muitas escadas, descemos, subimos de novo, pegamos elevador, e subimos de novo.... muitas escadas! O monumento da batalha das nações, que terminou de ser construído a pouco mais de 200 anos, exatamente no ano que eles celebravam 100 anos da vitória, se refere a derrota de Napoleão Bonaparte m Leipzig. Visita obrigatória.










Agora um pouquinho da cidade para vocês verem como é bonitinha. Era isso gente. Espero que tenham curtido as fotos.