11 outubro, 2015

ensino de inglês: um comparativo Brasil x Rússia

Sempre me pego pensando sobre os desafios que escolhi na minha vida. Nada muito mirabolante tem acontecido pois não tenho nenhum sonho de ser diplomata, médica ou celebridade de TV. Meus anseios são a longo prazo, a serem conquistados a partir de desafios diários, onde aos poucos vou adquirindo conhecimento de vida, me conhecendo melhor, e vivendo minha rotina até cansar e resolver fazer algo diferente. Hoje penso que meu maior desafio dos últimos tempos será passar na seleção do mestrado na Universidade Federal, pois terei que ter uma dedicação diária e um controle imenso da minha ansiedade. É para esse tipo de desafio que estou aqui, vivenciando pequenos desafios como ensinar inglês como língua estrangeria na Rússia, onde não posso usar minha língua nativa e ainda aprendo sobre como abordar o ensino de línguas em outras realidades e culturas. 

Na minha opinião, o ensino no Brasil, na Irlanda e na Russia é praticamente a mesma coisa, tanto em relação aos pontos positivos quanto aos negativos. O que varia é o professor e a língua materna pois a abordagem, a metodologia e os livros didáticos podem ser muito semelhantes. Não trabalhei como professora na Irlanda, mas tive aulas e meus amigos me contavam como as aulas de inglês eram. Na minha opinião não importa se o/a professor/a é "nativo" ou não, o que importa é a dedicação que ele/a terá em relação ao processo de aprendizagem do aluno. Comparando a Rússia com o Brasil, a cada dia que passa vejo mais similaridades. Aqui a cultura do ensino de inglês nas escolas é fraquíssima, com pouco interesse do governo, professores e alunos. As aulas no colégio têm aquela mesma tradição que no Brasil: gramática, sem conversação. Mas como em qualquer país, cada escola é diferente, com diferentes professores e abordagens. 

Esse ano o governo russo resolveu tratar a língua inglesa como obrigatória para o ingresso em muitos cursos universitários, Os alunos dos últimos anos do colégio estão correndo atrás do prejuízo com aulas particulares, enquanto os mais novos terão tempo para aprimorar a língua com o tempo. Os professores parecem estar bem preocupados com seus pupilos, como em qualquer outro pais que tenha um exame nacional que testa inglês. 

A realidade da escola de línguas onde trabalho 

A rotina aqui é bem peculiar. No geral vejo muitas semelhanças com a escola onde trabalhava no Brasil, Adotamos os livros da Oxford e Macmillam e os professores são livres para serem criativos e utilizarem os materiais que quiserem. Foi muito fácil me adaptar quando se trata de aulas com alunos com nível de inglês acima de pré-intermediário. No entanto o que diferencia é a organização da escola. A maioria dos meus alunos não são fixos, pois divido com uma das professoras - a dona da escola. Ela dá 1h de aula de gramática e eu 1h de conversação. Até aí tudo bem, mas o problema é que a cada dia ela que decide quais alunos eu devo pegar, então eu nunca sei quais aulas eu darei no dia. Isso implica em: a) falha na sequência pedagógica, pois muitas vezes não há possibilidade de continuidade uma vez que passa 1, 2 semanas sem eles terem aulas comigo; b) os alunos pré-intermediários sofrem, pois a cada semana sem terem aulas comigo, eles não conseguem se acostumar com aulas somente em inglês (pois a outra professora dá aulas em russo); c) eu estou constantemente confusa, pois preciso preparar muitas aulas de acordo com os alunos e níveis. No total eu tenho cerca de 60 alunos, talvez mais, pois eu não tenho "as minhas turmas" eu tenho as minhas e as da outra professora. Minha carga horária é d 40h semanais e as turmas são grupos e alguns individuais.

Sobre dar aulas para alunos nível iniciante 

Essa é a parte mais estressante. Sempre foi acordado que eu não teria alunos iniciantes, simplesmente porque... eu NÃO falo Russo!!! Mas a prof insiste em me passar alguns alunos, inclusive crianças. Depois de sofrer muito com uma turminha da pesada (8, 9 anos) eu disse: "eu não aguento mais, ninguém se entende nessa aula". Ela resolveu mover esses alunos para outro horário. Ufa! Feliz porque ela fez algo "por mim", uma reles estrangeira que veio para trabalhar o dobro de horas que as outras professoras pelo mesmo salário. No dia que eu não teria aula com eles mais, ela me chamou na hora da aula e disse que eu teria que dar aula. Na hora eu corro procurando imagens de frutas - que seja - para passar 1h trabalhando com vocabulário e usando o Google translator. Eles são umas pestes, pois eu não tenho autoridade em aula, mesmo fazendo cara de braba e levantando a voz, pois eles não entendem o que eu falo em inglês e quando falo "silêncio" - ou outras palavras que tive que aprender em russo, eles riem do meu sotaque. 

Resumindo: a experiência aqui está sendo incrível, mas também estressante. Tenho meus momentos ótimos, pois adoro todas as professoras, a secretária e muitos dos meus alunos que falam inglês. A gente sai junto, fofocamos, falamos de roupas, decoração e vida pessoal... mas quando se trata de trabalho, eu não tenho escolha, preciso me submeter a aulas com crianças e alunos que não falam inglês em aula porque não têm vocabulário suficiente  e muitas vezes não me entendem. Tenho várias alunas particulares que não falam, portanto as nossas aulas são basicamente sobre tópicos em que elas têm que ler respostas e eu direciono as opiniões delas com palavras que eu ensino na hora - pois as criaturas além de não usarem dicionário, não tem vocabulário básico, e quando ensino palavras novas, elas não anotam. Porqueee? Não entendo! Algumas inclusive deixam o material na mesa quando vão embora !!!!???

E os alunos que falam inglês...

Enfim, eu poderia escrever mil outros posts sobre minha experiência aqui. Na real, a parte boa é fácil e é igual no Brasil: alunos intermediários interessados, conversamos sobre tudo e quando falta vocabulário é fácil de se entender porque eles tem a capacidade de explicar o que querem. Eu sinto que estou ajudando muito, pois seguido chamo a atenção quanto a erros gramaticais uso de palavras, etc. Aulas normais para ser sincera, sem muito desafio, pois é como no Brasil: 100% em inglês e tradução do dicionario ou Google quando precisamos. Meus alunos favoritos são os adultos, pois tenho mais assuntos em comum: viagens, profissão, tópicos mais sérios como consumismo, tecnologia, etc e eles conseguem desenvolver opinião. Já os adolescentes... ai como sofro, parece que eles não pensam. Genteim, estou generalizando, tenho duas alunas que amo, 15 anos e super inteligentes  esforçadas. Mas no geral... a galera é preguiçosa!

No geral, estou satisfeita com o desafio, principalmente porque sei que é temporário. Adoro minhas colegas de trabalho, muitas já chamo de amigas e sei que manterei contato para o resto da vida. Algumas fotinhos das minhas queridas colegas.







3 comentários:

  1. Que legal Spfia, socializando experiencias internacionais....aprender ensinando e ensinando e aprendendo....abraços....

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  2. olpá você poderia me ajudar um pouco com o inglês?

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